Panorama global
A Organização Mundial de Saúde (OMS),
por meio do Programa Global de Influenza, monitora a atividade da doença
mundialmente. A atualização, baseada nos dados epidemiológicos e laboratoriais
disponíveis, é realizada com respaldo em informes técnicos disponibilizados a
cada duas semanas.
De acordo com a OMS, a atividade viral
atingiu seu nível máximo na segunda quinzena de abril de 2012 na maioria das
áreas da região temperada do hemisfério norte. Em particular, na América do
Norte, a transmissão permaneceu baixa ou decrescente durante quatro semanas
consecutivas nos Estados Unidos da América (EUA) e durante três semanas no
Canadá. O vírus da influenza A(H3N2) predominou na maioria das regiões dos EUA
durante a sazonalidade, enquanto no Canadá houve predomínio de influenza B. O
vírus da influenza A(H1N1)pdm09 permanece em cocirculação no Canadá, EUA e
México.
Na maioria dos países europeus, a
temporada de influenza atingiu o pico no início de abril, na sequência
apresentando um declínio na incidência de Síndrome Gripal (SG) e redução no
número de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Houve aumento na
proporção de vírus influenza B, sendo predominante o vírus influenza A (H3N2).
Em países da região temperada da Ásia, a
atividade da influenza apresentou decréscimo. A proporção de vírus influenza A
(H3N2) detectada aumentou em relação ao vírus influenza B no norte da China e
na Mongólia, no decorrer da sazonalidade. No Japão, o vírus influenza A (H3N2)
foi predominante na temporada. Na República da Coréia, o vírus influenza B
predominou em relação ao vírus influenza A.
Os vírus influenza A (H1N1)pdm09 foram
submetidos a testes de suscetibilidade dos inibidores da neuraminidase em nove
países da Europa Ocidental, não apresentando resistência. No entanto, nos EUA
foi observado um aumento de 2% nos níveis de resistência ao oseltamivir entre
os isolados de influenza A (H1N1)pdm09.
América
do Sul
Os países da região tropical da América
do Sul relataram níveis baixos ou não detectáveis na transmissão de influenza
nas últimas semanas. Na América Central e no Caribe, a atividade da influenza
permaneceu baixa, com exceção da República Dominicana onde houve aumento na
detecção de influenza A (H3N2). Na
América do Sul, a porcentagem de amostras positivas para influenza e outros
vírus respiratórios está representada nas Figura 1 e 2. Houve um aumento na
detecção de vírus respiratórios a partir da SE 12. Dentre os vírus detectados encontram-se
o influenza A (H3N2), influenza A(H1N1)pdm09 e influenza B.
Síndrome
respiratória aguda grave (SRAG)
É considerado caso suspeito indivíduo de
qualquer idade com Síndrome Respiratória Aguda caracterizada por febre alta,
mesmo que referida, tosse e dispnéia, acompanhada ou não dos sinais e sintomas
abaixo:
a) aumento da
frequência respiratória (de acordo com a idade);
b) hipotensão em
relação à pressão arterial habitual do paciente; e
c) em crianças,
além dos itens acima, observar também os batimentos de asa de nariz, cianose,
tiragem intercostal, desidratação e inapetência.
Os casos de SRAG com internação
hospitalar e óbitos devem ser notificados individual e imediatamente, de
preferência em até 24 horas no Sinan online, com a utilização da Ficha de
Investigação Individual.
Brasil
Até a SE 18 de 2012, foram notificados
2.047 casos de SRAG hospitalizados, sendo 130 (6,4%) confirmados para o vírus
influenza. Houve predominância de casos de influenza A(H1N1)pdm09, totalizando
103 (79,2%) casos. Na totalidade dos óbitos (n=18) registrados, 15 foram por
influenza A (H1N1)pdm09, um por influenza A sazonal, um por influenza B e um
permanece em investigação.
A região Nordeste concentrou a maior
proporção de casos de SRAG hospitalizados confirmados para o vírus influenza
(19%), seguido da região Norte (18,2%), Centro-Oeste (11,7%), Sul (5%) e
Sudeste (3,3%). O vírus influenza A (H1N1)pdm09 predominou na região Nordeste
(94,4%), Centro-Oeste (88,9%), Sudeste (81,6%) e Sul (75,9%). Na região Norte
houve predomínio do vírus influenza A sazonal.
Estado
de São Paulo
Em 2011, foram notificados 703 casos de
SRAG hospitalizados (Figura 3), sendo 26 casos confirmados para o vírus
influenza A (H1N1)09pdm (3,7%), 665 (94,6%) descartados/outros agentes e 12
(1,7%) permanecem em investigação. Dentre os óbitos (SRAG hospitalizados),
quatro foram confirmados para o vírus influenza A sazonal e quatro foram
confirmados para o vírus influenza A(H1N1)09pdm.
Até maio de 2012 (SE19), foram
notificados 244 casos de SRAG hospitalizados (Figura 3), sendo 18 (7,4%) casos
confirmados para o vírus influenza A (H1N1)09pdm, 189 (77,4%)
descartados/outros agentes e 37 (15,2%) permanecem em investigação. Dentre os
descartados para o vírus influenza A (H1N1)09pdm, quatro foram confirmados para
o vírus influenza A sazonal e um confirmado para o vírus influenza B sazonal.
Foram registrados seis óbitos por influenza em casos de SRAG hospitalizados. Um
foi confirmado para o vírus da influenza A sazonal, um para o vírus da
influenza B sazonal e quatro confirmados para o vírus influenza A (H1N1)pdm09.
Em relação à
2011, a distribuição dos casos segundo GVE e município de residência
encontra-se na Tabela 1. Dentre os descartados para A (H1N1)09pdm, em 56 (8%)
casos houve identificação viral, 46 (82,1%) influenza A sazonal e 10 (17,8%)
influenza B sazonal.
Dentre os 26 casos confirmados
(A/H1N109pdm), 16 (61,5%) são do sexo feminino, distribuídos conforme faixa
etária apresentada na Tabela 2. No que diz respeito à vacinação contra
influenza, três (11,5%) indivíduos eram vacinados, 12 (46,1%) não vacinados e
11 (42,3%) com informação ignorada.
Vigilância
Sentinela de Influenza
O Programa Global de Influenza monitora
a atividade da influenza em nível mundial. Este tem por base dados epidemiológicos
e laboratoriais reportados pela Rede de Vigilância Mundial de Influenza, na
qual o Brasil e, por conseguinte, o Estado de São Paulo encontram-se inseridos.
É considerado caso suspeito de síndrome
gripal (SG) indivíduo com doença aguda (com duração máxima de cinco dias),
apresentando febre (ainda que referida) acompanhada de tosse ou dor de
garganta, na ausência de outros diagnósticos.
As informações apresentadas são
referentes às amostras coletadas nas unidades sentinela de influenza e identificadas
por meio das técnicas de imunofluorescência (IFI), sendo os resultados
registrados no Sistema da Vigilância Sentinela de Influenza Nacional
(Sivep-Gripe/SVS/|MS) e da técnica de rt-PCR, ambas realizadas pelo Instituto
Adolfo Lutz (IAL) central e suas unidades regionais.
Brasil
Até a SE 19 de 2012, a média de
atendimentos semanais por SG representou 10,4% do total de atendimentos. Foram
coletadas 3.059 amostras, sendo 440 (14,4%) positivas para o painel de vírus
respiratórios. Predominaram a detecção de VRS (52%), influenza A (15,7%) e
adenovírus (11,4%).
Estado de São Paulo
O Estado de São Paulo conta atualmente
com 10 unidades sentinela para a vigilância da influenza, estrategicamente
distribuídas na Grande São Paulo e Interior, sendo a meta estadual 50 amostras
biológicas coletadas por SE. De acordo
com os dados disponíveis no Sivep-Gripe, entre as SE 1 e 19 de 2012, a média da
proporção de atendimento de casos de SG em relação ao atendimento por clínica
médica e pediatria foi de 13%, como ilustra o diagrama de controle.
Até a SE 19, foram processadas 753
amostras, sendo 168 (22,3%) positivas para o painel de vírus respiratórios.
Houve predomínio do VRS (83,9%), seguido dos vírus parainfluenza (8,9%),
influenza A (3,6%), adenovírus (2,4%) e influenza B (11,2%).
De acordo com os dados registrados no
Sivep-Gripe, provenientes das unidades sentinela de influenza, detectou-se a
circulação do vírus influenza A e aumento progressivo na identificação de VRS,
neste primeiro quadrimestre de 2012.
O Núcleo de Doenças Respiratórias (NDR)
do IAL fornece atualizações mensais sobre os vírus identificados na IFI e
submetidos à técnica de rt-PCR. No presente, em 12 amostras positivas para o
vírus influenza foram identificadas: sete (58,3%) para o vírus influenza A(H3),
quatro (25%) para o vírus influenza A(H1N1) 2009pdm, um (8,3%) para o vírus
influenza A não tipificado.
Campanha
de vacinação
Em 2011, durante a campanha, foram
vacinados os indivíduos com 60 anos ou mais de idade, profissionais de saúde,
povos indígenas, gestantes e as crianças entre seis meses e um ano, 11 meses e
29 dias de idade, totalizando 5.367.656 pessoas. A cobertura geral da campanha
de 2011 foi aproximadamente 80%.
A OMS reúne anualmente consultores
técnicos, em fevereiro e setembro, com o objetivo de analisar e recomendar a
inclusão das cepas prevalentes na vacina trivalente anual, respectivamente, no
hemisfério norte e sul. No período de abril a setembro de 2011, as estirpes
mais prevalentes no hemisfério sul contempladas na recomendação atual foram:
• A/California/07/2009-Like (H1N1);
• A/Perth/16/2009-Like (H3N2);
• B/Brisbane/60/2008-Like.
A recente recomendação será utilizada na
composição da vacina da próxima campanha de vacinação de influenza (2012). Vale
ressaltar que as cepas contempladas na recomendação atual estão em concordância
com as mais prevalentes identificadas pelo NDR/Centro de Virologia/IAL, integrante da Rede Nacional
de Vigilância da Influenza e da GISN.
Encontra-se em curso no período de 5 a
25 de maio de 2012, prorrogada até 1/6/2012, a Campanha Nacional de Vacinação
contra a influenza utilizando-se a nova composição. No decorrer da campanha, a
vacina contra influenza está disponível nas salas de vacinação do SUS para:
• adultos com 60 anos ou mais de idade;
• crianças entre seis meses e menores de
dois anos de idade;
• gestantes em qualquer período da
gestação;
• trabalhadores da saúde;
• população indígena;
• pessoas com doenças crônicas;
• população prisional.
As pessoas com doença crônica serão
vacinadas mediante prescrição ou receita médica.
Os trabalhadores do setor da saúde que
serão vacinados incluem aqueles vinculados aos serviços públicos, conveniados e
privados nos diferentes níveis de complexidade e que prestam atendimento ou
investigam pacientes com infecções respiratórias, por exemplo: hospitais
gerais, Unidades de Assistência Médica Hospitalar (AMA), Ambulatório Médico de
Especialidades (AME), Pronto Socorro, Pronto Atendimento, maternidades,
ambulatórios, Unidades Básicas de Saúde, Programa Saúde da Família,
instituições asilares, etc.
A população alvo da campanha corresponde
a aproximadamente 6,56 milhões de pessoas. A meta será vacinar 80% dessa
população, ou seja, cerca de 5,3 milhões de pessoas.
Recomendações
gerais
As recomendações de alerta e medidas de
prevenção individual (lavagem frequente das mãos, uso de lenços descartáveis ao
tossir e espirrar etc.) e ambiental (ambientes ventilados e limpos) devem ser
mantidas e fortalecidas, além de atenção especial com crianças, gestantes,
portadores de doenças crônicas (cardiopatias, diabetes, asma brônquica, nefropatias,
etc.) e idosos. Ao surgirem sinais e sintomas sugestivos de influenza (gripe)
ou resfriado, como febre, tosse e dor de garganta, as pessoas não devem tomar
remédios por conta própria, uma vez que os sinais e sintomas podem ser
mascarados, dificultando o diagnóstico. Dessa forma, recomenda-se que o
paciente procure o serviço de saúde mais próximo para assistência médica,
esclarecimento
diagnóstico e tratamento adequado.
Recomenda-se fortemente que todos os
serviços de saúde em nível estadual e municipal alertem seus principais
equipamentos públicos e privados para que os profissionais de saúde continuem a
priorizar:
a) a detecção precoce e o monitoramento
de eventos incomuns;
b) a investigação de casos graves
individuais ou em situações de surto;
c) o monitoramento das infecções
respiratórias agudas e os vírus circulantes;
d) a manutenção e atualização frequente
dos fluxos e sistemas de informações;
e) monitorar os grupos de risco
aumentado para desenvolvimento de doenças graves;
f) atentar para mudanças do padrão
antigênico e genético dos vírus circulantes, como também o aparecimento de
resistência antiviral;
g) efetivar e fortalecer parcerias.
Obs: informações adicionais consultar o
endereço eletrônico do CVE:
Documento elaborado e atualizado pela
Equipe Técnica da Divisão de Doenças de Transmissão
Respiratória/CVE/CCD/SES-SP; colaboração da Divisão de
Imunização/CVE/CCD/SES-SP e do Instituto Adolfo Lutz - IAL/CCD/SES-SP. São Paulo/Brasil,
Maio de 2012.
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